Leia aqui um poema de "terra amazon-is", de Jeniffer Yara:
Maresia tempestuosa
Nos rios que transbordam pela cidade,
me encontro na maresia de quem
desistiu de ser todo o dia,
porque cansa,
exaure,
desgasta
e, mais ainda,
desespera
o corpo queimado,
a língua extinta,
a história apagada,
e os laços arrebentados
pelo colonizador que insiste em derrubar nossas florestas,
em escassear nossas águas,
em matar nossos animais
e explorar nossos corpos.
Da menina marajoara
à criança vendedora de bombom no sinal,
são queimadas, estraçalhadas e subjugadas
as narrativas de quem nunca teve palco,
som e cenário para esbravejar suas lutas,
seus nomes e suas crenças.
A Amazônia pede socorro, assim como eu.
terra amazon-is, de jeniffer yara
Nascida em 23 de fevereiro de 1994, em Belém do Pará, Jeniffer Yara sempre foi apaixonada pelas letras e pelas leituras que realizava, dos livros e da vida. Ao crescer, formou-se em Letras – Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará e é doutora em Estudos Literários (UFPA), firmando-se no mundo da Literatura e da pesquisa. É autora de Sintomática (2022), além de organizadora das obras Crônicas paraenses: novos olhares sobre cenas locais (2021), Um clássico para si (2022), Letras em narrativas (2024) e Autoras de Si: narrativas periféricas de resistência e potência (2024). É pesquisadora e professora na Universidade do Estado do Amapá, e mantém projetos de leitura, escrita e revisão relacionados à área de Linguagens.

