Leia aqui um poema de "muro de trepadeiras", de Júlio Tauil:
Esqueletos de samambaias
As plantas escalam edifícios
serpenteando andaimes
estrangulando andares
Esqueletos de samambaias
fossilizados no azulejo do banheiro
arames de trepadeiras
atravessam fronteiras
fincadas na fina pele dos muros
Ferros são estruturas cobertas
por areia brita cimento
farinha e feijão
O fluxo do concreto
átomos em movimento
carne moída entre enxadas
elevadores escadas
A mão ardida ainda desejando vida
fura os poros da parede
penetra na intimidade dos minérios
e vem uma porta
mais uma janela
algum velho retrato
e quadros de natureza morta
muro de trepadeiras, de júlio tauil
Júlio César Silveira Tauil (1986) nasceu e viveu boa parte de sua vida em Guaxupé/MG. Se graduou em licenciatura em História (Unifeg/2007), e lecionou por cerca de cinco anos na sua cidade natal e algumas cidades da região. Posteriormente, se graduou em Biblioteconomia e terminou o mestrado em Ciência da Informação (UFSCar). Atualmente reside em Londrina/PR, e é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Em 2019 a revista Ruído Manifesto publicou cinco poemas de sua autoria, neste mesmo ano, o poema “Batuque de todos os santos” foi agraciado com o segundo lugar no 35º concurso de poesias da Biblioteca Municipal de Mogi Guaçu/SP. “Fragmentos de uma boa onda” foi o seu primeiro livro de poesias (Chiado/2020), também participou de algumas antologias: 57ª edição de poemas selecionados (Palavra é Arte/2019); AntologiaBR (Versiprosa/2022), Prêmio Off Flip – Poesia (Off Flip/ 2021), Prêmio Off Flip – Crônica (Off Flip/ 2021), e I Prêmio Café de Poesia (Cousa/2023).