Leia aqui um poema de "muda", de Isabella Pichiguelli:
calos
I.
Enquanto falo projeto tensão casa pia
panfleto de mercado
os olhos de Maria
ventilam calendários antigos
minha garganta escuta um elevador velho
emperrando lento andar a andar
O que não foi verbo foi verso no silêncio
do olhar dividido
meio meu, meio dela, meio olhar
II.
Voltamos a falar, agora de notícias
Eu digo náuseas, Maria becos
Murmuro vírus, Maria abortos
Voo longe nas páginas do jornal
Maria pousa – é nossa fotografia
meio denúncia, meio fuga
meio verdade, meio mentira.
muda, de isabella pichiguelli
Isabella Pichiguelli ouve poesia.
É tudo o que sabe sobre o pouco que sabe.
Escreve ouvindo.
Aprende ensinando.É professora de gramática e produção textual, revisora de textos, assessora acadêmica.
Mestra e doutora em Comunicação e Cultura – sob orientação da professora Míriam Cris Carlos (guia e amor) – desenvolveu pesquisas sobre poesia e religião na contemporaneidade brasileira. É também autora de Mata (2019), seu primeiro livro de poesias. Muda foi escrito em um longo período de transição em sua vida. Nesse tempo, fez-se ouvir.
Tomou novos rumos.
Tornou-se.